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A Carta-convite
No princípio
Dez lápis...
Regulamento
  ...Cem desenhos.

As regras são simples: reunir dez lápis e distribuí-los a dez desenhadores, pedindo a cada um que faça um desenho com o lápis recebido e que depois escolha outro desenhador, de modo a que cada lápis circule por dez pessoas, originando consequentemente dez desenhos. O objectivo é obter cem desenhos que serão apresentados numa exposição. Os lápis são produzidos pela única fábrica portuguesa de lápis, a Viarco, nome
familiar para várias gerações de portugueses que, desde 1936, conheceram esses lápis nos seus primeiros anos de escola. Entre os primeiros dez desenhadores contactados encontramos diversos artistas visuais, arquitectos, um caricaturista e criador de moda, todos eles bastante conhecidos. A cadeia estabelecida a partir de cada lápis distribuído revelará coincidências, roturas, cumplicidades e afectos. A progressão aleatória do
projecto diminui a dimensão legitimante dos primeiros dez nomes escolhidos, o que torna tudo mais aberto, imprevisível e divertido.

A ideia, da autoria de Isaque Pinheiro e de Daniel Pires, é simultaneamente um projecto artístico, uma operação de divulgação de uma marca e um jogo. A exposição resultante será como uma obra de arte colectiva, feita de contributos individuais que dificilmente se poderão relacionar para além da sua coincidência neste projecto.
Convoca a surpresa e a liberdade que encontramos no “cadavre exquis” (“cadáver esquisito”), exercício criativo a que André Breton e muitos outros surrealistas se dedicaram, que consistia na produção colectiva de textos, colagens, desenhos e pinturas a partir da associação dos contributos dos seus diversos autores, os quais não conheciam muitas vezes o que os seus predecessores tinham feito. Cada caso deixa de ser um caso através do acaso que o relaciona com outros casos. A memória que os artistas possam ter da utilização desta marca de lápis na sua infância irá também convergir ironicamente na forma de apresentação dos seus desenhos, numa exposição que talvez relembre os Salões de Arte de outros tempos, associando conhecidos e desconhecidos, assumindo despudoradamente a casualidade dos critérios.

No momento em que escrevo, não vi nenhum dos desenhos realizados para esta situação, o que adiciona este e talvez outros textos integrantes do catálogo da exposição à imprevisibilidade caracterizadora do projecto. Num jogo, encontramos sempre um pequeno conjunto de regras que permite produzir um conjunto infinito de jogadas. Essa proliferação de possibilidades será reconhecível certamente na heterogeneidade dos desenhos reunidos. Sendo muitos dos participantes neste projecto artistas conhecidos, o jogo será também um convite à curiosidade de saber como responderam a esta situação. São os seus desenhos reconhecíveis como manifestação das características das suas obras? São os seus desenhos uma excepção ao que poderíamos
esperar deles?

Entre as múltiplas funções do desenho, a sua natureza lúdica não será a menor, como sabemos quando observamos os desenhos de crianças ainda não domesticadas pelas estratégias escolares de representação da realidade. Dizem-me que, até agora, foram reunidos 93 desenhos, pouco faltando para os cem desejados. Se a conta final não chegar lá, tão pouco importa: os desenhos em falta serão como um convite a que cada espectador possa completar o jogo, na batota de já conhecer os desenhos que os outros fizeram. Só é preciso um lápis, claro está.

João Fernandes
 

 


 
 
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