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Miguel Vieira Margarida Rebelo Pinto António Charrua Fernando Conduto Maria Velez Jorge Abade Fabrizio Matos José Emídio Luisa Gonçalves Carlos dos Reis. |
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O segundo lápis da série VIARCO Express inicia o seu percurso perto da fábrica onde foi produzido. O atelier
de Miguel Vieira situa-se em São João da Madeira, e a entrega do lápis a este autor incontornável da moda
portuguesa obedeceu à intenção de construir um mapa heterogéneo e multidisciplinar do desenho. Ainda neste
espírito, o designer escolheu o nome da escritora Margarida Rebelo Pinto, com a qual se cruza muitas vezes
na diversidade dos eventos que em Portugal giram em torno da moda. O lápis vai ficar nas mãos da escritora
algum tempo, que hesita em apontar alguém que dê seguimento ao projecto. Num impasse, a produção decide
intervir, naquela que será a primeira violação das regras do jogo por parte dos seus promotores. O testemunho
é resgatado desta dificuldade e entregue a António Charrua, que pertence ao círculo de amizades de um dos
sócios dos Maus Hábitos. Neste momento inicia-se um novo percurso, que também será curto e definirá um conjunto restrito de pessoas, todas associadas à Cooperativa de Gravadores Portuguesa e ao movimento que lhe esteve associado na segunda metade da década de 50. António Charrua, Fernando Conduto e Maria Velez coincidem também na exposição «50 Artistas Independentes» (SNBA, 1959) e fazem parte da Terceira Geração de José-Augusto França, Júlio Pomar, Fernando Lanhas, Júlio Resende e Nikias Skapinakis. Nas mãos de Maria Velez, nos momentos que se seguiram à morte de Charrua em Agosto de 2008, o lápis vê-se novamente num longo impasse, que exige uma segunda interferência. Decididos a quebrar as regras, a escolha do nome seguinte é discutida entre a Viarco e os Maus Hábitos e recai em Jorge Abade, um artista que participou em colectivas nos Maus Hábitos e em São João da Madeira (ambas em 2002). Abade entrega o lápis a Fabrizio Matos, um artista representado pela mesma galeria, a MCO, que pertence à mesma geração, saída das Belas Artes do Porto no final dos anos 90. Radicalmente heteróclito, este lápis vai ser sujeito a uma última intervenção quando a Viarco o entrega ao pintor José Emídio, fazendo-o ingressar no círculo de influências da Cooperativa Árvore onde, depois de passar por Luísa Gonçalves e Carlos Reis, terminará o seu percurso. Quebrando todas as regras do jogo, este lápis acaba por produzir esboços de relações e cumplicidades entre criadores e artistas muito diferentes, mas a brevidade de cada apropriação inviabiliza qualquer leitura conclusiva. Ainda assim, entre a Cooperativa de Gravadores Portuguesa (Gravura) e a Árvore são evidenciados dois momentos e grupos de pessoas muito distintos, mas que se aproximam no âmbito de uma linguagem de intervenção política e história de combate cívico ao regime autoritário de Salazar e Marcelo Caetano. Ainda que os artistas que representam a cooperativa Árvore não pertençam à geração fundadora (Armando Alves, Pulido Valente, José Rodrigues e Ângelo de Sousa), são fiéis representantes de um momento fundamental da actividade artística na cidade do Porto. |
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