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Julião Sarmento Ana Anacleto Vasco Barata Daniel Barroca Mauro Cerqueira Manuel Santos Maia Paulo Mendes André Alves Ana Torrie Paulo Patrício António Jorge Gonçalves.
   
 

  Entregue a Julião Sarmento, o último lápis VIARCO Express vai acabar por circular entre nomes que
configuram a mais jovem geração de artistas portugueses. A transição de Julião Sarmento para Ana Anacleto abrirá o caminho para uma troca intensa entre criadores muito diversos mas com afinidades profundas ao nível do trabalho. Ao contrário do que aconteceu em muitos outros lápis, aqui não se adivinham turmas, círculos fechados de amizade ou o peso determinante de uma galeria. Salvo as necessárias excepções (tudo isso existe também aqui, não fora este ser um lápis ortodoxo), a passagem do lápis parece obedecer mais a uma lógica de interesse pelo trabalho desenvolvido do que a um critério de amizade. O nome de Vasco Barata coincide com Daniel Barroca no Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística, em exposições promovidas pela agência Vera Cortês e no espaço Empty Cube (da galeria Filomena Soares, comissariado por João Silvério), onde se vão cruzar com Mauro Cerqueira. Este último está ainda presente no Salad Days, um projecto independente onde participam, entre outros nomes, Julião Sarmento, Ana Anacleto e Vasco Barata.

Na transição para Mauro Cerqueira o lápis empreende uma viagem até ao Porto, onde irá passar pelas mãos de Manuel Santos Maia, que neste momento comissaria o espaço Uma Certa Falta de Coerência de Mauro Cerqueira e André Sousa. De Santos Maia o lápis passa a Paulo Mendes, artista responsável pela dinamização de projectos como W.C. CONTAINER, IN.TRANSIT (1999 – 2009) e TERMINAL (2005), que se estabeleceram como momentos determinantes na difusão da geração de artistas que acaba por estar aqui representada. Paulo Mendes sugere o nome de André Alves, que por sua vez o transmite a Ana Torrie, que compõe com ele e com Emanuel Santos, Marta Bernardes, Carlos Pinheiro e Nuno de Sousa (ver lápis 3) o grupo fundador do Senhorio, um colectivo artístico que nasce em 2004 e se insere na vaga de espaços independentes que começou a surgir no Porto a partir de 1999.

De Ana Torrie o lápis seguirá para Paulo Patrício e António Jorge Duarte, voltando a Lisboa. Esta passagem é intervencionada pelo Maus Hábitos que, numa tentativa de acelerar o processo de finalização do percurso, sugere o primeiro nome a Torrie, que o aceita prontamente. A escolha é feita pensando na proximidade de alguns dos membros do Senhorio (Carlos Pinheiro e Nuno de Sousa) com o registo da banda desenhada e da ilustração. Patrício e Jorge Duarte, ambos docentes no IADE, desenvolvem vários projectos em conjunto e são autores considerados no meio.

Este lápis acaba por prefigurar uma geração. Escapando aos grupos impostos pela escola, que tantas vezes temos encontrado na história da arte portuguesa, e aproveitando a multiplicação de projectos de comissariado e exposição independentes para criar um circuito de troca permanente, indiferente à condição geográfica, o conjunto de artistas aqui representados goza de uma liberdade inédita de circulação. Peças importantes desta ponte são Paulo Mendes, que tem promovido incansavelmente os seus projectos tanto no Porto como em Lisboa, e a diversidade de espaços alternativos geridos por artistas, como aqui são exemplo o Senhorio, Espaço Campanhã (Manuel Santos Maia) e Uma Certa Falta de Coerência, que têm contribuído para este sistema informal de apresentação de trabalho.

Ainda que não tenha interferido na selecção dos artistas que usaram este lápis – como aconteceu noutros
casos – através do mapa criado por este percurso podemos entrever a presença da Galeria Reflexus, fundada por Nuno Centeno em 2007, que começa a captar estes artistas e a afirmar-se como um projecto marcadamente geracional. Não deixa de ser interessante que o lápis iniciado por Julião Sarmento, um dos criadores portugueses mais representados internacionalmente, acabe por produzir a cartografia de um grupo que, dotado de mecanismos inéditos na nossa história, trabalha na construção de uma rede dinâmica e inovadora no panorama nacional, muito fazendo para ultrapassar os constrangimentos geográficos e económicos que a posição periférica de Portugal impôs e impõe à produção artística nacional.
 


 
 
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