Irene González, Málaga, 1988. Vive e trabalha em Madrid. É licenciada em Belas Artes pela Universidade de Granada e possuiu um mestrado em Desenho: Criação, Produção e Difusão, 2012.
A artista já expôs individualmente na Galeria Silvestre (Madrid, 2017) com o trabalho [des]encuentros, também na Silvestre, mas em Tarragona, em 2016, com Espacios afectivos, zonas de ruina e Sueños de infinito. Galería Punto Rojo (Granada, 2014); Galeria Benot (Cádiz, 2014) o En la caverna de la infancia seguimos aterrados. Galera Silvestre (Tarragona, 2014).
No trabalho de Irene González, está patente o predomínio do branco e preto; assim como ainda uma clara influência da fotografia antiga e, maioritariamente, anónima. O ponto de partida no processo de trabalho desta artista é um grande arquivo de imagens que cresce diariamente; uma espécie de obsessão que origina um catálogo orgânico sempre crescente de imagens novas, antigas, conhecidas, indicativas no modo de apreender o mundo por parte da artista. É precisamente depois de repensar estas imagens, que a artista começa a criar os seus desenhos, o seu universo. O resultado final deste processo é de uma estranheza que nos conduz a espaços que se tornam familiares e inquietantes. Não é por acaso que, já nas suas primeiras obras, tenhamos que ir buscar as suas referências visuais nas imagens estudadas e reproduzidas pelos fisionomistas do século XIX, como Duchenne deBoulogne (entre outros); ainda que também referências do mundo das artes visuais, retomando o caminho dos trabalhos em desenho de Georges Seurat ou do próprio Edward Hopper.
Através das suas imagens alusivas à memória, cria todo um universo que pode ser classificado como um “novo realismo”, marcado pelas cicatrizes, que nasce da soma de momentos, encontros e recordações de outros. Existe um rasgo estilístico que destaca em todas as suas séries: o silêncio. As imagens transmitem uma espécie de quietude, um caos interior calmo, no qual a existência parece estar suspensa, em espera.
No mês de Junho tivemos o privilégio de receber na Viarco a artista Irene González em residência artística promovida em colaboração com a Drawing Room Lisboa.
Instalada na Oliva Creative Factory, a quem agradecemos o apoio prestado, a artista teve a oportunidade para trabalhar no atelier da Viarco, onde experimentou técnicas e materiais com a total liberdade de escolha e acção.
Desta visita fica o nosso reconhecimento pelo seu talento, pela sua capacidade de materializar imagens misteriosas que nos deixam intrigados, pela sua personalidade tranquila que muito contrasta com o que por vezes se espera de um(a) artista.
“Lo que me llamó la atención desde el principio sobre Viarco es su espíritu de experimentación en un entorno con historia. A veces, como artista, parece haber poco tiempo para el error, y tener la posibilidad de una residencia en la que al final no tienes que presentar unos resultados en forma de obra acabada y exposición es algo que puede ser muy positivo. Mi estancia de 15 días con ellos ha sido un tiempo en el que me he permitido probar ideas, avanzar la parte conceptual de algunos proyectos, experimentar con sus materiales y recuperar ese aspecto de juego a través del dibujo. José y Patricio me abrieron de par en par las puertas de Viarco, contándome su historia, y me permitieron estar allí a mis anchas, viendo sus procesos de fabricación y hablando con las personas que trabajan allí.” – Irene González